Story História
SKIN OF GLASS is the story of São Paulo’s tallest homeless occupation, a 24-story office tower that is a treasure of mid-20th century architecture and my late-father’s masterpiece. Roger Zmekhol was just 32 years old when he imagined the “Pele de Vidro” building in the 1960s, a time of hope and prosperity in Brazil. A military dictatorship took over the country before the building was completed, and for decades it served as the federal police headquarters. Then it was abandoned, becoming an empty and decaying home for impoverished immigrants and people living at the margins of society. I discovered the building in this state in 2017, four decades after my father’s death. The shock of this discovery was a revelation; I had so much to learn about my father’s life as a creative person and had so many questions about what had become of our country.
The film follows my journey to discover my father’s threatened legacy as an artist, as I confront the harsh reality of inequality destroying the city he loved. My personal search forces me to face the brutal reality of a global crisis: one in six people in the world are squatters. The film evolves as a poetic essay on displacement, and my narration, in the form of a letter to my father, guides us.
I am accompanied on my journey by people with a passionate connection to my father’s work and the fate of the building, which is a mirror held up to our country, reflecting periods of darkness and rebirth. I film several characters over the course of a year, including city officials who see the building as a threat to public safety, occupation leaders fighting to protect the rights of squatters, the squatters themselves and scholars of architecture arguing for preservation. Through their stories, we come to understand the symbolic importance of the building as a reflection of Brazil’s political and economic turmoil over the last half century.
When, in the spring of 2018, the building catches fire and collapses in an explosion of ash and debris, I must come to terms with the fact that the building my father designed to celebrate the future has come to this tragic end in a dystopian city that would have been unimaginable to him. Then in late October, when Brazil’s far-right populist presidential candidate, Jair Bolsonaro, wins the election, I return to Brazil. One of our characters, who is a leader of the housing movement, warns that the police are already threatening to go after the movement leaders and activists. I witness how the struggle over the future of the country is reflected in the struggle over the contested space where my father’s building once stood. This new chapter in Brazil’s history, which makes the grainy black and white footage of the dictatorship suddenly prescient and alive, is the culmination of a wrenching journey that began with my modest hope to explore my own personal history and my home country and has transformed into an alarming cautionary tale for my adopted home in the U.S. and the world.
PELE DE VIDRO é a história da ocupação de pessoas sem-teto mais alta de São Paulo, um prédio de escritórios de 24 andares que é um tesouro da arquitetura do Século XX e a obra-prima do meu pai. Roger Zmekhol tinha apenas 32 anos quando imaginou o edifício “Pele de Vidro” em 1960, um período de esperança e otimismo, até a ditadura militar tomar conta do país antes do fim da construção. Durante décadas o prédio serviu como quartel-general da Polícia Federal. Depois, foi abandonado e se tornou um lar decadente para imigrantes empobrecidos e pessoas que viviam à margem da sociedade. Encontrei o Edifício Wilton Paes de Almeida neste estado em 2017, quatro décadas após a morte do meu pai. O choque desta descoberta foi uma revelação. Eu tinha muito a aprender sobre o meu pai como uma pessoa criativa e muitos questionamentos sobre o que havia acontecido com nosso país.
O filme acompanha minha jornada para descobrir o legado de meu pai como artista, enquanto enfrento a dura realidade da desigualdade que destrói a cidade que ele amava. Essa busca pessoal me obriga a enfrentar a realidade brutal de uma crise global: milhões de pessoas no mundo não têm onde morar. O filme evolui como um ensaio poético sobre desigualdades sociais e perdas. E minha narração, em forma de carta ao meu pai, nos guia.
Nessa jornada estou acompanhada por pessoas com uma conexão apaixonada pelo trabalho do meu pai e com o destino do edifício, que é um espelho, que reflete nosso país, revelando períodos de escuridão, transformação e renascimento. Filmei vários personagens, incluindo funcionários da prefeitura que veem o “Pele de Vidro” como uma ameaça à segurança pública, líderes de ocupação lutando para proteger os direitos dos sem-teto, os próprios sem-teto e estudiosos de arquitetura argumentando pela preservação. Por meio de suas histórias, compreendemos a importância simbólica do edifício como reflexo da turbulência política e econômica do Brasil nos últimos 60 anos.
Quando em 1º maio de 2018, o edifício pega fogo e desaba em uma explosão de cinzas e escombros, preciso aceitar o fato de que a obra-prima que meu pai projetou para celebrar o futuro chegou a esse trágico fim - em uma cidade distópica e inimaginável para ele. Então, em outubro, quando o candidato presidencial de extrema direita brasileira, Jair Bolsonaro, vence a eleição, retorno ao Brasil. Um de nossos entrevistados, que é líder do movimento por moradia, alerta que a polícia já está ameaçando ir atrás dos líderes e ativistas do movimento. Testemunho como a luta pelo futuro do país é refletida na disputa pelo espaço onde o edifício de meu pai outrora se erguia.
Esse novo capítulo na história do Brasil, que torna as imagens preto e branco da ditadura premonitórias e vivas, encerra uma trajetória dilacerante. Uma jornada que começou com a modesta esperança de explorar minha história pessoal e meu país de origem e se transformou em um inquietante conto de advertência para minha pátria adotiva, os EUA, e para o mundo.